sexta-feira, 24 de junho de 2011

É isto!

Na verdade, ao londo do dia tenho várias ideias que gostaria de compartilhar aqui... Compartilhar? Compartilhar? Compartilhar com quem? Uma vez que não divulgo (tenho certo medo de que alguém que eu conheça, me reconheça aqui!) e não escrevo diariamente, compartilhar não é bem a palavra certa. Afinal, se fosse pra manter em total sigilo, um caderno cumpriria muito bem o papel, e diminuiria consideravelmente o risco de ser lido...

Mas vou confessar o que ninguém quer saber, na verdade sou uma semianalfabeta com pretensões literárias... Sim, queria escrever um livro! Não, não gosto de receber críticas! Logo, vou escrever aqui, onde os riscos de ser lida são um pouco maiores que o de acertar na Megasena acumulada. Ou seja, embora mínimos, existem. E isto me basta...

Fernando Pessoa

    POEMA EM LINHA RETA
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.

E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.

Toda a gente que eu conheço e que fala comigo
Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho,
Nunca foi senão príncipe - todos eles príncipes - na vida...

Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia!
Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos,

Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?

Então sou só eu que é vil e errôneo nesta terra?
Poderão as mulheres não os terem amado,
Podem ter sido traídos - mas ridículos nunca!
E eu, que tenho sido ridículo sem ter sido traído,
Como posso eu falar com os meus superiores sem titubear?
Eu, que venho sido vil, literalmente vil,
Vil no sentido mesquinho e infame da vileza.




Álvaro de Campos

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Eu quis dizer você não quis escutar...

Há anos tenho planos de ter coisas. Ter bens materiais, ter mais cultura, ter mais viagens, ter mais experiências relevantes, ter um blog, e por aí vai longe a lista.
Como as outras coisas  estão muito longe das minhas mãos, resolvi começar escrevendo aqui.
Pretendo registrar meus pensamentos e ideias, algumas boas e outras nem tanto tanto, deixar meus pensamentos fluirem livres...
Vamos ver no que dá, estou animada!