domingo, 13 de dezembro de 2015

Usar antidepressivos ou não, eis a questão...

Usar antidepressivos ou não, eis a questão... 
A obrigatoriedade da felicidade realmente cansa. Ninguém pode ser triste, ninguém pode sentir tédio, insatisfação, angústia. Hoje as crianças já nascem com o fardo pesado de serem felizes, de conquistarem todas as alegrias que seus pais não conseguiram, e que agora se desdobram para que seus pequenos desfrutem, Isto sim que é missão impossível, felicidade plena! Se está algo desarmonioso, acende-se a luz de alerta: OPA! Algo vai mal no reino da Dinamarca... Tento rapidamente voltar estado que considero normal de satisfação e se não funcionar, melhor eu consultar um doutor, que ele sim vai saber o que eu devo fazer da minha vida, e na pior das hipóteses, se ele não souber ao menos me passa um tarja preta salvador que vai me resgatar do fundo do poço, e vou passar a enxergar a vida com filtro cor de rosa! Lindo! Mas não! A felicidade obtida desta forma é ilusão. Penso que a felicidade só poderia ser sentida e apreciada quando faz parte de uma gama de sentimentos, como se fosse um arco-íris de emoções, todos com sua beleza e feiura, mas igualmente necessários. É preciso aprender a lidar e conviver com eles, até porque pensar que se pode ser feliz na totalidade de nossa existência é uma utopia. É preciso passar por situações difíceis para poder apreciar as agradáveis. como diz aquela música linda "rir de tudo é desespero". Imagino que por vezes usar um medicamento, apos rigorosa avaliação profissional se faz necessário, mas convém pensar muito bem antes, ver se realmente tentou outras alternativas, psicoterapia, etc... Já é tão complicado saber o que queremos e conduzir nossas vidas rumo à esse objetivo de cara limpa, imagina sedados? Seria possível? Muitas pessoas pedem aos médicos remédios psiquiátricos para médicos de qualquer especialidade, e o que é pior, conseguem a receita! Não se preocupam em alterar a química do seu cérebro de forma tão leviana. Interessante que nunca vi um oftalmologista fazer consultas endocrinológicas, por exemplo, mas receitar um Prozaczinho, ok! HÃ? Não! É a sua cabeça criatura! Pense em um viajante de ônibus, ou de trem -quem já teve a experiência de viajar de trem- é possível observar e apreciar as lindas paisagens existentes no caminho, bem como estar atento a chegada ao destino se estiver adormecido? A viagem se torna apenas um meio de chegar, ou de passar o tempo, e mesmo assim sem ter certeza se chegou ao local certo. Da mesma forma ocorre com com o uso de remédios psiquiátricos. A grande viagem que é viver acaba não sendo apreciada da forma que deveria, e nossos dias acabam sendo apenas uma passagem de dias sobrepostos, um tempo desperdiçado, sem autoria pelos nossos feitos... muito sem graça! Aceitar que a vida é real e maravilhosa justamente pelas nuances de afetos experimentados é que faz tudo valer a pena. Aceitar a tristeza de hoje para que a alegria de amanhã tenha ainda mais valor é que faz tudo ter mais significado.

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